Os NAPA nasceram nas sombras de uma cave, onde o silêncio da Ilha da Madeira se desfez nas primeiras notas de uma guitarra. Foi ali, entre as paredes frias e as conversas furtivas, que quatro amigos se uniram para criar uma música que não apenas ecoasse, mas que tocasse profundamente. A cave tornou-se um espaço sagrado, onde o tempo parecia diluir-se, e o som tomava formas novas, como se cada acorde fosse uma palavra dita de forma quase sussurrada, mas carregada de significado.
A sua música foi moldada por influências que cruzavam oceanos e gerações. Dos Arctic Monkeys veio a energia crua, do Red Hot Chili Peppers, a liberdade intensa… enquanto os Beatles e as melodias suaves de Caetano Veloso e Tom Jobim os guiavam pelas sinuosas estradas da melancolia e da nostalgia. Mas os NAPA, como se estivessem a pintar um quadro, pegaram nas cores do passado e, com um pincel cheio de coragem, criaram algo único. A sua música foi sempre mais do que som; foi uma extensão daquilo que eram, um reflexo de uma alma que buscava, incessantemente, entender-se e tocar o que parecia intangível.
E foi assim, de forma quase inesperada, que o mundo os descobriu. O YouTube foi o portal por onde as suas canções escaparam da cave, espalhando-se por Portugal e para lá das suas fronteiras. Mas o que realmente os distinguiu foi a escolha de cantar em português, a língua que os conectava às suas raízes, às suas memórias e, acima de tudo, àquilo que queriam comunicar. Ao abraçar a sua língua materna, os NAPA não só se encontraram, como também estabeleceram uma relação mais profunda com o seu público, que, como eles, sentia a necessidade de se expressar sem filtros, sem máscaras.
O primeiro álbum, “Senso Comum”, lançado em 2019, nasceu como uma confissão. Gravado nos Black Sheep Studios em Sintra, o disco foi uma explosão de sensações, de sentimentos que, como uma onda, se erguiam e se desfaziam em melodias e palavras simples, mas imensamente carregadas. O espírito do álbum parecia dançar entre a dor e a leveza, a melancolia e a esperança, criando um reflexo do mundo interior da banda. Era um convite a olhar para dentro, para as imperfeições, para as partes não ditas e não vistas, mas ainda assim presentes.
Mas, como o próprio nome do seu segundo disco, “Logo Se Vê” (2023), os NAPA sabiam que o caminho não acabaria ali. “Logo Se Vê” foi o grito de liberdade que precisavam para se reinventar, para sair das sombras e assumir, com ainda mais confiança, a sua identidade. A sua música, agora mais madura, já não era apenas uma resposta aos desafios interiores, mas também uma exploração de novas formas de expressão. As canções ganharam camadas mais complexas, como se os NAPA tivessem decidido mergulhar mais fundo no abismo e, em vez de temer, descoberto novas paisagens sonoras e novos ritmos. Cada acorde estava agora impregnado de uma urgência: a urgência de se arriscar, de se desafiar, de não ter medo de evoluir. O amor, a dor, a busca pela identidade, continuavam a ser temas centrais, mas eram agora envoltos numa aura mais densa e experimental.
Em 2024, os NAPA levaram a sua música a uma nova dimensão com a sua primeira digressão nacional. Foram meses de palcos esgotados, de salas a vibrar com o som da banda, de uma energia que parecia atravessar o país de norte a sul. Cada concerto foi uma celebração, uma troca de emoções intensas entre a banda e o público. As músicas de “Senso Comum” e “Logo Se Vê” tornaram-se hinos de uma geração que se identificava com a sua busca por algo mais, por uma expressão genuína e sem filtros. Para fechar o ano, os NAPA presentearam os seus fãs com o filme-concerto “O Mundo Continua a Girar”, gravado ao vivo no Teatro Maria Matos, em Lisboa. Durante duas noites inesquecíveis, a banda captou a magia do palco e partilhou-a com o mundo, numa celebração grandiosa da sua jornada até ali.
Em 2025, os NAPA estavam prontos para algo ainda maior. O single “Deslocado” levou-os ao Festival da Canção, onde a música parecia ter o poder de cruzar fronteiras, de tocar corações. A canção, antes mesmo da competição, já ecoava nas casas e nos corações de milhares. Quando os NAPA subiram ao palco, já não eram apenas quatro jovens a tocar; eram quatro almas que haviam viajado para um futuro que parecia agora mais próximo. A vitória no festival foi apenas a confirmação de algo que já se sentia no ar: os NAPA haviam encontrado o seu lugar. E a Eurovisão seria o próximo palco, onde os seus sonhos ganhariam o mundo.
Mas os NAPA não pararam por aí. Com o próximo álbum a ser lançado no último trimestre de 2025, a banda sabe que o seu caminho está apenas a começar. Cada passo dado, cada melodia criada, é uma nova etapa na sua busca por algo maior, por algo mais profundo. E, como sempre, os NAPA continuarão a procurar – a procurar em si mesmos, no outro, no mundo – a música que pode transformar tudo. Eles são poetas da música, tecelões de emoções, e por onde passarem, irão deixar marcas, rastros, e o eco de canções que falam não só de quem somos, mas de quem podemos ser.
Atualmente, os NAPA encontram-se em digressão, cruzando o país e levando a sua música a festivais e venues de norte a sul de Portugal. Cada palco que pisam é mais uma oportunidade de partilhar a sua alma com o público, de criar momentos de pura conexão, onde a música se torna a ponte entre os corações e os pensamentos. Com o seu espírito inquebrantável e a sua busca contínua por inovação, os NAPA seguem conquistando novos fãs e reafirmando o seu lugar no cenário musical português.
