O quinto álbum da Vivendo do Ócio marca um retorno às origens sem renunciar à inquietação criativa que sempre moveu o quarteto baiano. Produzido integralmente em Salvador, Hasta La Bahia é um trabalho que mistura maturidade, lirismo e pluralidade sonora, costurando rock alternativo com doses de funk, soul e disco.
Se por um lado a banda investe em letras extremamente poéticas e sofisticadas, por outro, mantém o espírito debochado e dançante que a consagrou. O disco abre com a pulsante “Baila Comigo”, parceria com Paulo Miklos (Titãs), que entrega groove, guitarras afiadas e um convite direto à pista. Já a faixa-título, composta em colaboração com o poeta Ni Brisante, funciona como manifesto e síntese do projeto: um voo de volta para casa, mas cheio de novas cores.
Entre os pontos altos, “Não Tem Nenhum Segredo”, dueto delicado com Jadsa, revela um lado intimista e quase etéreo, enquanto “Onda do Nepal” surge como respiro debochado e divertido. A veia roqueira aparece com força em “O Lobo da Estepe”, parceria com Martin Mendonça (Pitty), contrastando com a leveza indie de “Eu Ainda”. O encerramento, “Vai Voar”, traz lirismo e arranjo de cordas da Orquestra Sinfônica da Bahia, coroando o disco com uma camada de grandiosidade.
A arte da capa, assinada por Victoria Zacconi e ilustrada por Jajá Cardoso, traduz em imagem o espírito do trabalho: uma andorinha que simboliza liberdade, retorno e lar. É um detalhe que dialoga diretamente com a sonoridade e o conceito do álbum.
Mais do que um conjunto de canções, Hasta La Bahia afirma a Vivendo do Ócio como uma das vozes mais consistentes e criativas do rock brasileiro contemporâneo. Após quase duas décadas de estrada, o grupo mostra que amadureceu sem perder a inquietude — e que a Bahia segue sendo um polo inventivo fundamental para a música feita no país.




























































































































