O Glória se prepara para um dos momentos mais importantes de sua trajetória: subir ao palco da I Wanna Be Tour, festival que vai reunir alguns dos maiores nomes internacionais e nacionais da cena emo e pop punk. Ao lado de bandas como Fall Out Boy, Good Charlotte, Story of the Year, Yellowcard, Fresno, Forfun, The Veronicas, Neck Deep, The Maine, Fake Number e Dead Fish, o grupo paulista promete um show nostálgico, cheio de hits e memórias.
Em entrevista ao EQFM, o vocalista Mi Vieira revisitou os álbuns que marcaram a história da banda — do experimental Nueva (2006), ao divisor de águas Renascido (2012) — e contou o que os fãs podem esperar dessa nova fase. Confira a conversa completa:
EQFM: Então, para começar… o que mudou no Glória do álbum Nueva para o Glória de hoje, tanto no som quanto na conexão com os fãs?
Mi Vieira: Mudou muita coisa! Se a gente parar para analisar, o Nueva foi lançado em 2006 e, no ano que vem, completa 20 anos. Era um álbum em que estávamos nos descobrindo, entendendo para onde a banda iria caminhar.
O primeiro disco do Glória, O Fim é Uma Certeza, lançado em 2004 e que também completa 20 anos agora, tinha uma temática muito emo, screamo, com forte influência de bandas como Finch e Thursday, que traziam muito o lance do berro. Já o Nueva veio com outra proposta: na época, o Gee (atual NX Zero) ainda estava no Glória e estava muito em uma fase experimental. O resultado foi um disco dividido: metade experimental, metade pop. E não à toa a parte pop bombou muito, com um dos maiores hits do Glória, Asas Fracas.
Apesar de ter sido lançado há muito tempo, esse álbum teve uma importância enorme para nossa trajetória. Ele nos permitiu experimentar, aprender e chegar até aqui. Muitos fãs ainda falam bastante sobre o Nueva, mas para mim hoje é algo distante. Não me apego tanto, mesmo tendo escrito a maioria das músicas. Eu mudei, o Glória mudou. Ainda assim, sou muito grato a tudo que aconteceu naquela época, porque sem aquele momento não estaríamos aqui.
EQFM: O álbum autointitulado, de 2009, consolidou a carreira da banda e até hoje é considerado um marco na cena. Como vocês enxergam esse disco olhando para trás e o que ele representa para a história do Glória?
Mi Vieira: Para mim, esse é o álbum mais importante do Glória. Ele me traz muitos sentimentos, todos positivos. Antes dele, tínhamos lançado O Fim é Uma Certeza e o Nueva. Foi nesse momento que o Rick Bonadio assinou contrato com a gente, justamente no auge do emo, entre 2008 e 2011.
Foi uma fase muito especial: a banda tinha uma conexão enorme entre os integrantes — eu, Fil, Johnny, Elliot e Peres — e conseguimos traduzir isso em músicas muito verdadeiras. Esse disco trouxe Minha Paz, o maior hit do Glória, e também uma das minhas preferidas, Tudo Outra Vez, composta pelo Marlos Vinícius (Onze:20).
Esse álbum foi fundamental: tocamos pelo Brasil inteiro, entramos nas rádios, fomos indicados a diversos prêmios da MTV e do Multishow. Sem ele, não teríamos realizado o sonho que vivemos hoje.
EQFM: O Renascido não só marcou a cena emo como também inseriu o Glória no universo do metalcore. Como foi viver essa expansão dentro do rock nacional? E agora, depois da turnê comemorativa do álbum e do lançamento do single Metade, quais são os próximos passos?
Mi Vieira: O Renascido foi um divisor de águas. O Glória sempre teve essa mistura de peso e melodia, algo que se aproximava muito do metalcore. Eu sempre gostei de metal e, nessa época, ouvíamos bastante bandas do gênero, como Killswitch Engage, All That Remains, Lamb of God e, claro, Slipknot, que sempre nos influenciou.
Com a entrada do Eloy Casagrande na bateria (que depois foi para o Slipknot), a banda ficou ainda mais pesada. Produzimos o Renascido por um ano e meio e o apresentamos no Rock in Rio, em um dia extremo ao lado de Slipknot, Motörhead e Metallica. Foi um momento histórico.
O álbum bombou, foi aclamado, mas também dividiu o público. Ganhamos fãs do metalcore, um público mais maduro, mas ao mesmo tempo sofremos críticas de parte da cena do metal mais tradicional. A Rolling Stone chegou a classificar o Renascido como o melhor disco de metalcore do Brasil, e isso trouxe ainda mais visibilidade.
Com o tempo, passamos por várias mudanças de formação, mas também lançamos singles importantes como Coração Codificado, Convencer, Um Segundo, Um Nunca Mais e, mais recentemente, Metade, que resgata o lado romântico do Glória de 2009. Hoje, já temos três músicas novas prontas e a ideia é lançar um álbum completo em breve.
EQFM: Vocês ajudaram a construir a cena emo nacional nos anos 2000 e agora vão dividir o line-up da I Wanna Be Tour com bandas internacionais gigantes. Como é para vocês verem essa cena viva novamente e ainda representar o Brasil no palco?
Mi Vieira: É uma alegria imensa! Eu fui ao evento (primeira edição) e não conseguia assistir ao show tranquilamente. Me paravam o tempo todo, tirei muitas fotos e foi muito gostoso ver esse carinho dos fãs. Na primeira edição da I Wanna Be Tour, o Glória foi muito pedido pelo público, e desta vez a 30e nos chamou para tocar. Vai ser especial estar nesse festival ao lado de tantas bandas que admiramos.
O Good Charlotte foi uma grande influência para o emo, o Fall Out Boy também marcou demais, além das bandas brasileiras que vão dividir o palco conosco, como Fresno, Dead Fish, Fake Number e Forfun — todos grandes amigos.
Tenho expectativas enormes para assistir ao Story of the Year, uma banda que já tocamos juntos e que influenciou muito o Glória, e também ao Yellowcard, que sempre achei incrível. Além disso, estou muito curioso para ver o Neck Deep, que representa a nova geração do pop punk e me lembra bastante bandas que marcaram minha juventude, como Saves the Day.
EQFM: E o que os fãs podem esperar do show do Glória na I Wanna Be Tour? Vai ter alguma surpresa no setlist?
Mi Vieira: Os fãs podem esperar um show nostálgico, cheio de momentos que marcaram nossa história. Será uma celebração, um reencontro com pessoas que nos acompanham desde o início e também com novos fãs.
Queremos trazer essa sensação de reviver o que passamos juntos. Estamos pensando em algumas surpresas para o setlist, mas posso adiantar que será um show emocionante, de matar a saudade e relembrar o que construímos na cena.
EQFM: Mi, muito obrigado pela entrevista. Foi um bate-papo rápido, mas muito especial.
Mi Vieira: Eu que agradeço! Foi ótimo conversar com vocês. Até a próxima!




























































































































