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EQFM entrevista: a jornada de Hellen em busca do amor e de si mesma

Acompanhar o caminho de Hellen, até então “assinada” como Raquel Reis, é testemunhar uma evolução artística profunda e, acima de tudo, genuína. Desde os tempos em que a brasiliense de contralto marcante dava seus primeiros passos na cena musical, era evidente que sua força motriz seria o sentimento.

 

Aos 16 anos, em 2014, Hellen já estava imersa na arte, compondo as faixas que formariam seu primeiro EP, Quitinete. Lançado em 2017, esse trabalho inicial, que flertava com o R&B e o indie rock triste, era a representação ingênua de um início de vida e do primeiro grande amor. A artista recorda que a pretensão desse álbum era apenas “existir como uma declaração”.

Entretanto, para alcançar novos horizontes sonoros e emocionais, uma grande mudança se fez necessária. Em 2022, Raquel Reis adotou oficialmente o nome artístico, Hellen. A transformação, impulsionada em parte pela ascensão de sua xará baiana Rachel Reis, gerou um “luto pessoal”.

 

Afinal, Raquel Reis era como ela assinava na identidade e como seus amigos a chamavam. No entanto, a escolha do nome Hellen — aquele que sua mãe desejava para ela — simbolizou um recomeço “muito bonito” após a pandemia. A nova persona representava a oportunidade de buscar um “rolê mais RnB, pop, com flash com indie, outro lugar sonoro”, mais colorido e expansivo, como ela nos contou em uma conversa regada a café e brisa.

 

Hellen fez questão de honrar o passado com o EP Quitinete Hellen’s Version (2024), uma releitura que serviu de ponte para sua nova fase. A artista revela que prefere encarar a nova obra como seu disco de estreia, mas reconhece a importância de revisitar a Raquel “adolescente que fez música, uma declaração de amor em forma de disco”.

A arquitetura do amor

O primeiro álbum de estúdio de Hellen, Tão Bom Se Apaixonar (2025), consolida essa nova etapa, sendo a expressão máxima da força motriz que inspira a cantora: o amor. Ela iniciou o trabalho nessas músicas em 2020, “quando a paixão deu as caras”.

 

O álbum, composto por dez faixas, é uma “narrativa íntima, uma carta aberta que quero compartilhar com quem escuta”. “A estrutura do disco é propositalmente narrativa, começando com uma introdução que declara que cada palavra é “para dizer que eu vou sempre amar você,” e terminando com um grito de “eu te amo””, reforça. Hellen busca a coerência de um álbum que demonstra que a paixão é boa, apesar de tudo.

 

A honestidade também vem como pilar deste trabalho. Hellen transformou tudo o que viveu naquele relacionamento em música. Mesmo que o amor que inspirou o álbum não esteja mais presente, lançá-lo a fez revisitar os sentimentos, pensando: “Caramba, se eu sentir isso, talvez eu possa sentir isso de novo, né?”. Para ela, cantar ao vivo é um momento de êxtase, no qual se permite ficar totalmente imersa e “sem pudor” naquele sentimento.

 

A vulnerabilidade é palpável em faixas como “Piano na Sala”. Segundo a artista, foi “complexo emocionalmente botar no mundo, porque achava muito íntimo. Essa canção, em particular, se tornou um desejo, quase como o “veludo marrom”, da Liniker”. A canção de encontrar um grande amor que se harmonize com seu sonho de ser uma grande artista.

A força do projeto foi reforçada por parcerias estratégicas, como o single “Só Dá Você” (2025) ao lado da cantora baiana Rachel Reis. O encontro foi notavelmente significativo, já que as artistas nasceram no mesmo ano e compartilham o nome de batismo (Raquel/Rachel Reis), sentindo que suas trajetórias pareciam “se cruzar de forma quase divina”. A colaboração, gravada entre Salvador e Brasília, uniu a nova fase de Hellen a uma das artistas mais pulsantes do cenário nacional.

Hoje, Hellen não apenas canta sobre amor romântico, mas também sobre a sua identidade como uma mulher lésbica. Embora sua música seja universal — ela gosta do lugar do imaginário para que as pessoas possam absorver suas experiências de amor — a artista deseja ter uma atuação politicamente ativa, inspirando, indiretamente, o pertencimento, assim como vê em shows de artistas como Jão e Carol Biazin.

 

O sonho de Hellen não é mais apenas de ser a Raquel que compunha em seu quarto, mas de ser a Hellen que alcança o Brasil inteiro. Sua trajetória é uma prova de que a reinvenção, quando ancorada na autenticidade e na coragem de expor o coração, é o caminho mais belo para o sucesso.

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