Aos 30 anos de carreira, Santiago parece estrear de novo. Multiartista inquieto, com passagens pelo teatro, cinema e literatura, ele lança o EP Axioma Dance como segunda etapa do projeto “Infinitude Musical” — uma espécie de trilha sonora expandida que cruza narrativa, poesia e experimentação sonora. Se no álbum Axioma (2024) ele transitava por bossa, groove, jazz e pop, agora o artista mergulha nas batidas eletrônicas e na pulsação das pistas, revisitando parte de seu repertório em roupagem dançante.
A virada revela uma coerência com sua trajetória dramatúrgica: a música como corpo em movimento. “Eu me sinto mais próximo da minha origem, o teatro. Quero que as pessoas se divirtam, mas também reflitam. Para mim, a música é um ritual, um espaço de extravasar e de conexão”, contou em entrevista.
Esse olhar performático marca o EP: faixas que equilibram leveza pop e densidade poética, em arranjos reconstruídos pelo produtor Edmix Aureliano. O resultado é um som híbrido que, sem abandonar a teatralidade, flerta com o eletrônico contemporâneo. “Não parto só da música, parto da escrita, da dramaturgia. Minhas canções contam histórias. Se fosse apenas para entreter, eu preferia não fazer”, diz Santiago.
Em Axioma Dance, o humor, a crítica social e as imagens poéticas convivem com sintetizadores pulsantes, criando uma experiência de corpo inteiro. “Eu quis transformar essa essência em movimento, fazer das canções uma experiência feita para dançar”, resume. É nesse paradoxo — entre leveza e reflexão, entretenimento e crítica — que sua obra se sustenta.
No palco, Santiago promete transpor essa energia em shows que circularão por São Paulo, Rio, Curitiba e Belo Horizonte, antes de uma turnê internacional em 2026, passando por Lisboa, Paris e Londres. A proposta é clara: dissolver fronteiras entre gêneros e artes, aproximar música e teatro, criar comunhão em pista.
Axioma Dance reafirma Santiago como artista em constante reinvenção. “Eu sempre busquei desconstruir. Acho que a música precisa ter assinatura, cadência artística e de vida. Quero que minha arte seja trilha sonora para as pessoas, que as acompanhe em seus momentos felizes e nos desafios do dia a dia”. Se a “Infinitude Musical” segue sem data para o próximo capítulo (S2), a promessa é que essa caminhada não terá fim — porque, para Santiago, a música não é destino, mas travessia.