O Emery está prestes a desembarcar no Brasil pela 2ª vez em sua carreira para tocar na edição “Emo Vive” do Festival Polifonia, evento que acontecerá na primeira semana do mês de junho em 3 capitais nacionais: Porto Alegre (04/06), Rio de Janeiro (06/06) e São Paulo (07 e 08/06).
Os veteranos do emo estadunidense estarão mais do que bem acompanhados e tocarão na presença de bandas conterrâneas do gênero como Mae e Anberlin, além das lendas locais Fresno e Hateen. O festival também será marcado por uma prática que tem se tornado tendência entre muitas bandas de rock no geral: a celebração de álbuns clássicos da discografia desses artistas sendo tocados na íntegra para o público.
No caso do Emery, a banda vive atualmente a comemoração de 20 anos de dois discos emblemáticos: The Weak’s End e The Question, lançamentos do início da carreira do quinteto nos anos 2000 e que ajudaram a consolidar sua base de fãs desde o princípio.
O EQFM conversou recentemente com Devin Shelton, baixista e um dos vocalistas do grupo de Seattle, para saber mais histórias sobre a primeira experiência da banda em território nacional, o atual momento do Emery, a relação da banda com a cena emo e quais discos ele gostaria de ver sendo tocados ao vivo na íntegra também. Confira a seguir:
EQFM: Já faz 14 anos desde que vocês tocaram seu primeiro e único show no Brasil. Na época vocês faziam parte do line-up do tradicional festival “ABC Pro HC” – conhecido pelo envolvimento com a cena do punk, hardcore e emo nacional. Você tem lembranças de bastidores desse evento? Como foi aquela viagem ao Brasil?
Devin: Eu lembro muito bem, passamos pelo México antes de ir pro Brasil e estávamos muito empolgados. Eu tinha uma viagem familiar planejada no dia seguinte ao show que eu não podia desmarcar, então no fim eu tive somente um dia no seu país. Chegamos aí e o nosso tour manager nos levou para uma ótima churrascaria, conseguimos ver alguns pontos turísticos de forma muito breve e tocamos no festival na noite seguinte. A plateia foi ótima, o nosso show foi redondo e todos estavam muito felizes, mas eu tive que pegar meu voo pra casa logo que o show acabou. Espero conhecer mais lugares dessa vez!
EQFM: Dessa vez vocês tocarão no Festival Polifonia na edição “Emo Vive”, junto a bandas como Anberlin, Mae e lendas locais do gênero como Hateen e Fresno. O quão apegado a essa classificação vocês são hoje? Ainda se consideram uma banda emo?
Somos uma banda emo sim, mais emos do que muitos dos nossos colegas de outras bandas. Somos muito amigos do Hawthorne Heights, Anberlin, Underoath, bandas que surgiram ao mesmo tempo que nós, e mesmo que consideremos todos como parte do mesmo gênero – nós temos estilos e vibes parecidas – acho que nós estamos mais nessa zona emo que eles. Nossos sons são um pouco mais lentos às vezes, nossas letras tem uma expressão mais emotiva em algumas formas – eu sempre nos classifiquei como emo, post–hardcore ou seja lá como você quiser chamar. Outras bandas são mais pop-punk e screamo do que nós. Sempre gostamos dessa categorização de sermos “emos velha-guarda” e a nossa expressão e a forma com a qual escrevemos nossas músicas vai mais para esse lado também.
EQFM: Você lançou uma versão de “Everlong” (Foo Fighters) há uns anos que soa quase como um smooth-jazz, o que demonstra bem a quantidade de ferramentas e referências criativas que a banda tem à disposição – pode nos contar um pouco sobre como foi a escolha e a gravação desse cover?
Nós realmente gostamos de esticar os limites musicais do que fazemos. Pessoas que só ouviram músicas como “Walls” e “Studying Politics” têm alguma noção de quem somos, mas temos 9 discos lançados e muitos tipos diferentes de músicas. Nós gostamos de ir além da sonoridade do emo e do hardcore e quando nós fazemos covers, o que acontece de vez em quando, gostamos de transformá-los em algo nosso, dentro de sonoridades que nos agradam.
Eu sou do tipo de compositor que ama R&B, Jazz, Soul e muitas das coisas que eu escrevo ou dos covers que eu faço acabam indo nessa direção. Eu realmente gosto disso e se eu me sentar em um piano para tocar acordes de uma música conhecida, ou de uma música nova, naturalmente vou cair pra esse lado. Para “Everlong” isso soou apropriado, mesmo que a original seja um grande música do rock com um tempo mais acelerado, as frases e os acordes são tão bonitos que encaixaram muito bem com esse estilo mais jazz.
EQFM: De volta ao Polifonia, as bandas que vão tocar no line-up escolheram um álbum especial da sua discografia para tocar nos shows. O Mae vai tocar “The Everglow”, Anberlin escolheu “Never Take Friendship Personal” – podemos concluir que o Emery irá tocar o “The Question” na íntegra?
Devin: Do ano passado até janeiro de 2025 nós estávamos celebrando o 20º aniversário do nosso 1º álbum, “The Weak’s End”. Assim que encerramos essa turnê nós mudamos a marcha e engatamos as comemorações de “The Question”, que agora está completando 20 anos também. Antes de irmos ao Brasil nós vamos tocar esse disco inteiro em 8 ou 9 shows nos Estados Unidos, faremos o disco completo e mais algumas músicas. Quando estivermos no Brasil nós vamos ter o mesmo tempo de palco que teremos aqui, então por aí será a maior parte do The Question e mais músicas variadas e hits de outros discos. Como nós não tocamos no Brasil sempre, queremos diversificar mais. Mas será uma celebração do The Question também, sem dúvidas.
EQFM: O que você acha dessa tendência das bandas de tocarem discos completos em datas comemorativas de lançamento? Tem algum disco específico que você gostaria de ver, de uma banda da qual você é fã, sendo tocado na sua frente do começo ao fim?
Devin: Vários, com certeza. Você conhece a banda Refused?
EQFM: Claro, com [o disco] “The Shape Of Punk to Come”?
Devin: Exatamente. Eles fizeram uma turnê de “The Shape Of Punk to Come” aqui nos Estados Unidos. Eu moro há 2 horas de Chicago, então dirigi até lá pra ver eles tocarem esse disco praticamente completo e foi incrível – esse foi um disco muito importante pra mim. Ano passado nós também vimos o Weezer, que são uma influência enorme para o Emery, no Madison Square Garden em Nova Iorque, que é um ginásio imenso – foi um dos melhores shows que eu já vi. Eles tocaram um monte de hits e músicas do Pinkerton, mas depois encerraram com o disco azul na íntegra, o que foi surreal.
EQFM: Vocês lançaram seu disco de inéditas mais recente, Rub Some Dirt On It há alguns anos já. Podemos esperar um álbum novo do Emery no futuro próximo? Quais são os planos da banda após essa turnê atual?
Devin: Sim, esse é o nosso plano! Nós estamos operando no “modo de shows” pelos último ano e meio com “The Weak’s End”, garantindo que celebremos esse disco, tocamos em vários festivais no ano passado. Também fizemos a turnê “Twenty Years of Tears” (“Vinte anos de Lágrimas”) com o Hawthorne Heights e mais algumas bandas, então estivemos bem ocupados – sem tempo para sentar, compor e gravar. Então nesse ano, apesar da nossa programação para tocar o “The Question” em turnê, vamos guardar um tempo mais pro fim do ano para gravar músicas novas.
Ano passado até que fizemos uma sessão de composição e guardamos algumas ideias, mas não estávamos 100% de acordo com a direção que elas estavam tomando – então decidimos reiniciar e vamos dar o pontapé nesse novo projeto em algum momento de 2025. Mas sim, o plano é lançar músicas novas assim que possível.
EQFM: Você conhece as duas bandas brasileiras que irão dividir o palco com vocês? O Hateen ou a Fresno?
Devin: Eu conheço a Fresno e já vi muito material deles online, cheguei a me conectar um pouco com o Lucas e sei que eles fizeram um cover de uma das nossas músicas uma vez que ficou realmente muito foda. Acho que eles tocaram “Rock-N-Rule”, uma música do nosso disco “I Am Only a Man” e a versão ficou sensacional. Eu estou empolgado para tocar com eles, são uma ótima banda.
EQFM: Nosso tempo infelizmente está acabando, então se você puder deixar uma mensagem para os leitores do EQFM e dizer o que eles poderão esperar desse próximo encontro com o Emery – agora é a hora!
Devin: Estamos eufóricos e muito empolgados em voltar pro Brasil, tocaremos no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e faz tanto tempo desde que estivemos aí. Nós amamos o país de vocês e mal podemos esperar para chegar aí de novo. Obrigado muito pelo apoio que nos dão, por ouvirem o Emery, obrigado ao EQFM por nos receberem – de novo, estamos muito empolgados!
Ainda há ingressos disponíveis para as quatro datas do Festival Polifonia “Emo Lives”. Mais informações estão disponíveis no site oficial do evento.