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Do viral à perenidade: Wet Leg lança moisturizer, um álbum que abandona a zona de conforto e assume riscos com lirismo honesto e arranjos mais complexos

Depois de uma estreia explosiva que fez da dupla britânica Wet Leg um fenômeno indie quase instantâneo, o desafio do segundo álbum parecia inevitável: como evoluir sem perder o humor ácido que conquistou fãs pelo mundo? A resposta chega com moisturizer, lançado em 11 de julho de 2025 pela Domino. Produzido novamente por Dan Carey, o disco marca a transformação do projeto em uma banda completa — com Ellis Durand no baixo, Henry Holmes na bateria e Joshua Mobaraki nos sintetizadores e guitarras — e, com isso, amplia o escopo sonoro de forma ambiciosa e, por vezes, surpreendente.

 

Se no álbum anterior o sarcasmo era a linha de frente, aqui Wet Leg mergulha em territórios mais emocionais, ainda que sem renunciar ao espírito debochado. “CPR” abre o disco com urgência e ironia — “Call 999… give me CPR” — sobre uma linha de baixo pulsante, enquanto “Catch These Fists” entrega uma crítica mordaz às abordagens invasivas em bares, embalando versos afiadas num ritmo punk-pop explosivo. 

 

Em meio à acidez, surgem momentos de vulnerabilidade que soam quase confessionais. “11:21” e “Don’t Speak” desaceleram, revelando uma camada etérea que aproxima Rhian Teasdale de artistas como Fiona Apple e Björk. Aliás, “Don’t Speak” é assinada e cantada por Hester Chambers, que imprime ao álbum um ponto de vista mais delicado, quase contemplativo, reforçando a dinâmica criativa que sempre foi o coração da banda.

 

As letras refletem uma fase diferente na vida de Teasdale, marcada por descobertas afetivas e pela vivência de um amor queer que transparece sem filtros, tornando o álbum mais íntimo e, paradoxalmente, mais universal. A Pitchfork descreveu bem essa mudança: se antes a banda zombava da cultura pop com referências irônicas, agora ela escreve canções sobre paixão, obsessão e desejo, sem medo do ridículo, mas com doses calculadas de sinceridade.

 

Musicalmente, moisturizer é menos cru e mais expansivo. O quinteto costura riffs indie dos anos 90 com camadas shoegaze, grooves pulsantes e refrões de power pop que parecem feitos para palcos de festival. É um disco vivo, cheio de texturas, que prova que Wet Leg não pretende se restringir ao papel de banda viral. Ainda assim, a produção não é imune a críticas: algumas transições soam abruptas e certas frases se repetem a ponto de soarem formulaicas, o que pode frustrar quem espera a mesma espontaneidade do debut.

 

No saldo final, moisturizer é um segundo capítulo sólido e ousado — menos meme, mais sentimento. Não é um álbum perfeito, mas é um passo necessário para consolidar Wet Leg como algo além do hype. Em meio a melodias afiadas e momentos de franqueza desconcertante, o disco reafirma a banda como uma das vozes mais inventivas do indie atual, capaz de rir de si mesma enquanto experimenta novas camadas de som e emoção.

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