A Pedreira Paulo Leminski recebeu pela primeira vez o I Wanna Be Tour neste sábado (23), e o espaço ao redor parecia moldado para a ocasião: a arena natural emoldurada pela pedreira deu a sensação de uma redoma, como se o público estivesse protegido dentro do próprio universo emo, onde a nostalgia dos anos 2000 e o desejo de pertencimento no presente se encontraram. Cerca de 12 horas, pessoas circularam pelo evento em uma jornada que foi tanto reencontro quanto ritual de passagem.
A estrutura em dois palcos — “It’s a Lifestyle” e “It’s Not a Phase” — funcionou de maneira fluida, sem sobreposições de horários. Isso garantiu que ninguém precisasse escolher entre atrações e reforçou o caráter de maratona musical. Apesar do calor intenso durante o dia, a organização manteve bom fluxo de entrada, áreas de alimentação e de hidratação, ainda que alguns pontos de sombra tenham sido disputados. O público, majoritariamente composto por trintões que viveram a cena em seu auge, dividiu espaço com adolescentes que descobriram o emo pelas playlists digitais, um retrato fiel de como o gênero se renova sem romper com suas raízes.
O fim da manhã e o início da tarde trouxeram reencontros marcantes. No calor de quase 30ºC, bandas como Fake Number, Glória e Dead Fish aqueceram o público, preparando terreno para nomes que carregam a história da cena. O Neck Deep mostrou energia e bom humor, enquanto o Story of the Year, de volta após mais de uma década, anunciou novidades de estúdio. O The Maine manteve sua tradição de proximidade com os fãs, chamando um deles ao palco para cantar junto, e o Dead Fish fez a Pedreira tremer com rodas de mosh fiéis à sua trajetória.
Entre as boas surpresas, The Veronicas entregou um show performático, misturando coreografias e hits como Untouched, transformando a Pedreira em pista de dança. No segundo round da noite, o Forfun reacendeu memórias do início dos anos 2000, e a Fresno mostrou porque segue sendo uma das maiores representantes do emo nacional. Lucas Silveira conduziu um set que mesclou diferentes fases da banda, emocionando fãs com “Quebre as Correntes” e “Eu Nunca Fui Embora”.
Já o Yellowcard, aguardado por muitos, fez a plateia explodir com “Ocean Avenue”, enquanto apresentava faixas do novo álbum. O Good Charlotte, ausente do Brasil desde 2004, foi recebido como lenda. Joel Madden não escondeu a emoção e declarou mais de uma vez estar diante de um dos melhores shows da carreira do grupo. Entre novos sons e clássicos como The Anthem, a banda entregou um espetáculo tão visual quanto sonoro.
O encerramento ficou com o Fall Out Boy, em sua estreia em Curitiba. Pete Wentz e Patrick Stump guiaram o público por um setlist que viajou por duas décadas, de Sugar, We’re Goin Down a Centuries. A escolha da b-side “G.I.N.A.S.F.S.” como surpresa da noite reforçou o caráter especial da apresentação, que terminou com “Saturday” em meio a papel picado, fogos e Pete cantando junto aos fãs na grade. Uma catarse coletiva que fez da Pedreira um templo provisório do emo.
Depois do rolê memorável em Curitiba, a I Wanna Be Tour segue para São Paulo no próximo sábado (30), no Allianz Parque, com as mesmas atrações. Os ingressos continuam disponíveis no site da Eventim.





























































































































