Poucas bandas brasileiras conseguem habitar o presente sem perder de vista o passado como a Fresno. Prestes a subir novamente ao palco da I Wanna Be Tour, turnê que se consolidou como a “Warped Tour que nunca tivemos” com a chancela da 30e, Lucas Silveira, Vavo Mantovani e Thiago Guerra se encontram diante de um desafio peculiar: condensar mais de duas décadas de carreira em apenas uma hora de show.
“A ideia é sempre procurar ter um arco, mas causar o máximo de impacto possível”, explica Lucas. “Num evento como esse, não tem apenas os fãs hardcore da Fresno. Então, é sempre um exercício de mostrar o nosso momento atual, trazer a dose certa de nostalgia e fazer um show especial.”
Se na primeira edição do IWBT a banda ainda vivia a transição para o álbum Eu Nunca Fui Embora, hoje o cenário é outro. As canções do disco já se firmaram nos palcos, e o repertório ganha novas camadas. “Vai ser um show mais focado nesse disco novo, mas também tem aqueles grandes hits e um resgate do nosso passado”, comenta Vavo.
A escolha das faixas “esquecidas no churrasco”, no entanto, não é tão simples. “É um show de uma hora… temos que representar a história inteira da banda, mostrar essa fase nova e despertar o saudosismo. Quero ver o desafio”, completa o guitarrista, rindo.
Conectar gerações
O público da Fresno é conhecido por sua fidelidade, mas a I Wanna Be Tour também atrai novas gerações, algumas em busca de reencontrar o emo, outras descobrindo-o pela primeira vez. “O emo é um estilo que tem limites estéticos, mas a Fresno é também um testemunho da nossa própria história musical”, diz Lucas.
Para a banda, o segredo está na autenticidade. “Mesmo quando a gente faz um som que não tem nada a ver com o rolê emo, sempre tem um negocinho lá, porque somos nós fazendo. A assinatura é inevitável”, completa Guerra.
Essa liberdade criativa, longe de ser uma ruptura, é o que garantiu a sobrevivência da banda no tempo. Como lembra Lucas, “se a gente tivesse parado lá em 2011 e voltado agora, seria outra Fresno, outro público. O fato de nunca termos ido embora justifica a nossa mudança sonora”.
Com isso, o I Wanna Be Tour se revela como um movimento vivo, com artistas e fãs se reconhecendo mutuamente em intensidade. Se para o público brasileiro a Fresno já é parte do DNA da cena, para os gringos o impacto foi imediato. “Eles ficaram em choque com a relevância do emo no Brasil”, revelou Lucas em outra ocasião.
Sinfonia de Tudo Que Há: um futuro convite ao passado
Em 2026, o álbum Sinfonia de Tudo Que Há completa 10 anos. Para muitos fãs, trata-se de uma obra que ganhou relevância com o tempo, quase um tesouro escondido da discografia. Lucas reconhece: “É um disco fora da curva, que vem ganhando entusiastas. Dá vontade de resgatar ele inteiro em um show. Mas os planos atuais sempre atropelam essas ideias de celebrar coisas antigas.”
Ainda sem promessas concretas, a data redonda acende esperanças de um revival especial. Afinal, como o próprio vocalista admite, “olhar pra trás é bom, mas o que fazemos pra frente nos deixa ainda mais entusiasmados”.
Spoilers (quase) revelados
E o que esperar do show? Lucas dá pistas: “Esse show vai ser uma patada. Dentro da turnê, testamos músicas de 2003, 2004, 2005… algumas funcionaram tão bem que podem ser promovidas ao I Wanna Be.”
Entre São Paulo e Curitiba, a banda ainda promete experimentações distintas. O certo é que Fresno levará ao palco não apenas hits e surpresas, mas também a prova de que é possível atravessar o tempo sem perder o frescor. Porque, afinal, ninguém nunca foi embora de fato.
Para garantir seu lugar, tanto em Curitiba quanto em São Paulo, os ingressos estão à venda no site da Eventim.




























































































































