Novidades

15 anos do SWU Festival: o evento que veio do nada, fez história e sumiu deixando saudades

Em outubro de 2010, Itu recebeu uma das experiências mais marcantes da história recente dos festivais brasileiros. O SWU (Starts With You) Music & Arts Festival reuniu fãs de rock, música alternativa e ativistas ambientais em um mesmo espaço, com um propósito claro: celebrar a arte e debater a sustentabilidade.

 

Idealizado pelo publicitário Eduardo Fischer, o evento nasceu com uma proposta diferente. Na coletiva de lançamento, Fischer destacou que o SWU não seria apenas um festival, mas um movimento de conscientização. Como ele afirmou na época, Mais do que um festival, o SWU é um movimento que nasce para conscientizar as pessoas sobre a importância de pequenas mudanças de atitude no dia a dia. Essa frase acabou definindo o espírito do evento. O discurso, na época, soou quase utópico. Hoje, é ainda mais necessário.

 

Fischer destacou o uso de materiais recicláveis, metas de compensação de carbono e a importância de criar uma experiência que inspirasse mudança.O festival foi ambicioso. Entre 9 e 11 de outubro, o SWU transformou a Fazenda Maeda em uma pequena cidade movida a música, debates e acampamentos. O público pôde viver dias intensos, imersos em shows, instalações artísticas e discussões sobre o meio ambiente. Era uma proposta ousada e, ao mesmo tempo, visionária.

 

Naquela época, festivais de grande porte ainda engatinhavam no Brasil. E o SWU chegou com força total. O line-up misturava lendas e novas apostas. Queens of the Stone Age, no auge do sucesso e com Joey Castillo ainda na bateria, fez seu retorno triunfal ao país após o Rock in Rio 2001, mostrando que o stoner rock e suas guitarras robóticas estavam mais vivos do que nunca, colhendo ainda as boas críticas ao disco Era Vulgaris (2007).

 

Bandas brasileiras também brilharam. O Black Drawing Chalks, por exemplo, carregava o DNA da influência sonora do QOTSA, mostrando que a nova geração do rock nacional bebia direto dessa fonte. Era uma época de efervescência criativa, e o festival soube capturar esse momento.

 

Mas não parava por aí. O lineup do SWU era impressionante. Passaram pelos palcos nomes como Pixies, Kings of Leon, Linkin Park, The Mars Volta, Incubus, Sonic Youth, Mutantes, Cavalera Conspiracy, Joss Stone, Regina Spektor e Tiësto, que encerrou uma das noites com um show apoteótico. Havia espaço para todos os gostos, do indie ao eletrônico, e isso fazia o público circular entre os palcos com a sensação de estar vivendo algo único.

 

Além das grandes atrações, o festival também abriu espaço para nomes independentes, como Curumin, Letuce, Sobrado 112, Mombojó, Cidadão Instigado, Superguidis e Volver, que se apresentaram no palco Oi Novo Som. Essa mistura entre consagrados e novos nomes dava ao evento uma cara diversa, criativa e antenada, algo que poucos festivais da época conseguiram alcançar.

 

Além da música, o SWU se destacou pela estrutura inédita. Havia áreas de camping, espaços de convivência e uma tenda dedicada a debates socioambientais. Figuras como o saudoso Marcelo Yuka levaram reflexões profundas sobre política, desigualdade e sustentabilidade, temas que, infelizmente, continuam atuais.

 

E como esquecer o histórico show do Rage Against The Machine? A energia foi tão intensa que o público da pista comum derrubou as divisórias e invadiu a pista premium, num ato que virou símbolo do festival. Era a essência do RATM transbordando: contestação, fúria e união.

 

O festival ainda teve uma segunda edição, em 2011, com nomes de peso como Faith No More, Alice in Chains, Stone Temple Pilots, Chris Cornell, Megadeth e Hole. Porém, apesar das promessas, o SWU não resistiu por muito tempo. Assim como surgiu do nada, desapareceu; deixando um eco de saudade e a sensação de que algo realmente especial havia acontecido.

 

Mesmo com sua curta duração, o SWU deixou um legado marcante. Mostrou que era possível unir música, arte e consciência ambiental em um grande evento. Inspirou novos formatos de festival e reacendeu o desejo por experiências que vão além do palco.

 

Quinze anos depois, quem viveu aquele fim de semana ainda guarda lembranças vívidas: da poeira de Itu, das noites de frio cortante, das filas no camping, dos encontros inesperados e dos riffs que ecoavam noite adentro. Foi um marco.

 

Talvez o SWU nunca volte. Mas, se um dia houver uma edição comemorativa, seria mais do que nostalgia; seria justiça com a história de um dos festivais mais incríveis que o Brasil já viu.

Texto por: Angélica Albuquerque

Compartilhar o artigo:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar

Nossa playlist no Spotify

Clique na imagem para acessar a nossa playlist oficial e aproveitar as melhores músicas escolhidas pela nossa equipe!

Nosso canal do youtube

Clique na imagem para acessar a nosso canal do youtube e ver nossos conteúdos em vídeo!

Posts Recentes

  • All Post
  • COBERTURAS
  • ENTREVISTAS
  • EQFM INDICA
  • LISTAS
  • Matéria
  • MATÉRIAS
  • REVIEWS

Se junte a família!

Seja nosso assinante e receba as novidades no seu e-mail!

You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.
Edit Template

Nossa playlist no spotify

Clique na imagem para acessar a nossa playlist oficial e aproveitar as melhores músicas escolhidas pela nossa equipe!

Nosso canal do youtube

Clique na imagem para acessar a nosso canal do youtube e ver nossos conteúdos em vídeo!

Posts populares

Notícias recentes

Sobre

Nós somos uma plataforma de música alternativa, criada em julho de 2018, que tem como objetivo principal ser elo entre público e artistas. Nosso olhar e a nossa comunicação estão totalmente voltados para o olhar do público sobre a cena brasileira e internacional. Acreditamos que a arte é livre e que precisa ser comunicada com responsabilidade, respeito e amor. Nossa equipe tem a música alternativa nas veias e queremos ser parte dessa engrenagem e dar noção de pertencimento ao público. Somos movidos pela paixão de comunicar, entender e vibrar pela música alternativa em festivais e shows espalhados pelo Brasil e pelo mundo inteiro.

Posts recentes

  • All Post
  • COBERTURAS
  • ENTREVISTAS
  • EQFM INDICA
  • LISTAS
  • Matéria
  • MATÉRIAS
  • REVIEWS